No quarto dos meus avós havia um cantinho bem do lado da cama deles ( existe até hoje este recanto), onde havia um quadro do Espírito Santo, e um crucifixo, e lá todas as noites e manhãs eles faziam suas orações, primeiro o vô rezava uma "Ave Maria e um Pai Nosso", logo em seguida era a vez da minha vó, como meu quarto era bem ao lado eu podia ouví-los,então, comecei a fazer minhas próprias orações também, não rezava as orações deles,lembro tão bem, conversava com Deus,como faço até hoje, pedia que Deus protegesse meus avós, meus irmãos, meus pais, quando eu estava com pouco sono fazia uma lista de nomes, pedidos e agradecimentos, mas quando o cansaço me vencia fazia uma oração bem rápida, " Deus cuida de todo mundo, todo mundo do mundo inteiro,que o Senhor sabe quem é, Amém!"
Mais tarde ouvi o comentário dos meus avós que eles haviam ajudado na construção de uma "capelinha", fiquei tão orgulhosa e para variar curiosa, e "capelinha" seria aquela? Perguntei pra vó ela me explicou, "é a Igrejinha São João, fica bem pertinho daqui, tem missa lá todo domingo, mas é muito cedo, tu quer ir?"
"Claro que eu quero"
" Mas tem que acordar cedo e não pode tomar café pra ir pra missa tu tem que ir em jejum "
Fiquei sem entender o porquê daquilo, não fazia nada sem tomar o café da manhã, mas concordei.
"Mas tem outra coisa, disse a Vó, tu tem que ir sozinha,nem eu nem teu vó podemos ir porque domingo tem muito movimento aqui no bolicho. Tu tem de ir sozinha."
Eu já estava com uns 8, 9 anos não lembro exatamente. E recebi aquilo como um desafio e um compromisso.
Adorei tudo,o lugar era tão bonito, fui bem recebida,tinha algumas crianças que estavam se preparando para primeira comunhão, alguns idosos, as músicas eram ótimas, ora era com o som de toca discos, ora uma moça tocava com violão, me enturmei logo, em seguida, já estava no altar ajudando o padre a servir o vinho na hora da consagração, tinha orgulho de ficar sentada ao lado dele no altar, ele se chamava"Padre Diniz",era um padre bem jovem.
Virou rotina, todo domingo, eu queria ser a primeira a chegar na Igreja para tocar o sino e pegar a caixinha do ofertório para passar.
Logo ,comecei a convidar mais crianças da minha idade para ir a missa, ia cedinho na casa da minha mãe e arrastava meus irmãos, e convidava minhas melhores amigas da escola também. Rapidinho, a turma era grande para ir a missa. Eu e alguns perseveramos, fizemos a primeira comunhão e seguimos no grupo de jovens...
A fé que eu desejo ressaltar aqui, hoje é aquela independente de religião, citei meu exemplo, mas quero que quem leiam esta postagem, perceba que a vivência da fé, da solidariedade, do espírito missionário, do acreditar em um ser superior, seja ele chamado de Deus, Pai, Senhor,El Shaddai,Jeová,Adonai, Allah etc... é a fé movida pelo amor a um ser supeior, que mesmo não podendo exergá-lo sentimos que fazemos parte dele e eel de nós.
O educador, atualmente deve considerar a pluralidade religiosa, existente em nossa sociedade, o ensino religioso deve ser área de conhecimento, mas sem perder a alma,pois mesmo o professor,mesmo sendo um profissional e não um doutrinador, deve deixar transparecer sua religiosidade através de suas atitudes, seus valores, sua forma de enfrentar os problemas, resolver conflitos e superar suas dificildades e até mesmo ter uma palavra amiga, com um aluno, um colega ou até com a familia de aluno.
Não estou defendendo crença religiosa, denominação religiosa: católica, espírita , evangélica etc... Mas sim peço deixem fluir sua fé, pela vida,o respeito ao outro, pela natureza e pelo transcendente. Quando damos o exemplo de solidariedade, fé e amor ao próximo em nossas atitudes, nossos alunos assimilam, sentem, e tentam vivenciar esta experiência também, mais do que fazermos um discurso, explicando o que é solidariedade, fé etc...é dar o exemplo. Religião é vida. Religião é religar, religar com Deus, religar com o outro, religar com a natureza.
Adoro tanto este assunto... e acredito transparecer pelas minhas atitudes...já fui catequista....professora de ensino religioso ...e acreditem fui convidada a ser religiosa em uma congregação, fiquei lisonjeada com o convite, mas este desafio não pude aceitar, pois na época, já tinha minha opção vocacional bem definida.
Ainda voltarei a escrever mais sobre o Ensino Religioso nas escolas, assunto muito pertinente e que eu adoro!
Leia mais: http://www.mundodosfilosofos.com.br/vanderlei2.htm#ixzz1WNjfznHt
Beijão