domingo, 28 de agosto de 2011

Fé se aprende pelo exemplo

No quarto dos meus avós havia um cantinho bem do lado da cama deles ( existe até hoje este recanto), onde havia um quadro do Espírito Santo, e um crucifixo, e lá todas as noites e manhãs eles faziam suas orações, primeiro o vô rezava uma "Ave Maria e um Pai Nosso", logo em seguida era a vez da minha vó, como meu quarto era bem ao lado eu podia ouví-los,então, comecei a fazer minhas próprias orações também,  não rezava as orações deles,lembro tão bem,  conversava com Deus,como faço até hoje, pedia que Deus protegesse meus avós, meus irmãos, meus pais, quando eu estava com pouco sono fazia uma lista de nomes, pedidos e agradecimentos, mas quando o cansaço me vencia fazia uma oração bem rápida, " Deus cuida de todo mundo, todo mundo do mundo inteiro,que o Senhor sabe quem é, Amém!"
Mais tarde ouvi o comentário dos meus avós que eles haviam ajudado na construção de uma "capelinha", fiquei tão orgulhosa e para variar curiosa, e "capelinha" seria aquela? Perguntei pra vó ela me explicou, "é a Igrejinha São João, fica bem pertinho daqui, tem missa lá todo domingo, mas é muito cedo, tu quer ir?"
"Claro que eu quero"
" Mas tem que acordar cedo e não pode tomar café pra ir pra missa tu tem que ir em jejum "
Fiquei  sem entender o porquê daquilo, não fazia nada sem tomar o café da manhã, mas concordei.
"Mas tem outra coisa, disse a Vó, tu tem que ir sozinha,nem eu nem teu vó podemos ir porque domingo tem muito movimento aqui no bolicho. Tu tem de ir sozinha."
Eu já estava com uns 8, 9 anos não lembro exatamente. E recebi aquilo como um desafio e um compromisso.
Adorei tudo,o lugar era tão bonito, fui bem recebida,tinha algumas crianças que estavam se preparando para primeira comunhão, alguns idosos, as músicas eram ótimas, ora era com o som de toca discos, ora uma moça tocava com violão, me enturmei logo, em seguida, já estava no altar ajudando o padre  a servir o vinho na hora da consagração, tinha orgulho de ficar sentada ao lado dele no altar, ele se chamava"Padre Diniz",era um padre bem jovem.
Virou rotina, todo domingo, eu queria ser a primeira a chegar na Igreja para tocar o sino e pegar a caixinha do ofertório para passar.
Logo ,comecei a convidar mais crianças da minha idade para ir a missa, ia cedinho na casa da minha mãe e arrastava meus irmãos, e convidava minhas melhores amigas da escola também. Rapidinho, a turma era grande para ir a missa. Eu e alguns perseveramos, fizemos a primeira comunhão e seguimos no grupo de jovens...
A fé que eu desejo ressaltar aqui, hoje é aquela independente de religião, citei meu exemplo, mas quero que quem leiam esta postagem, perceba que a vivência da fé, da solidariedade, do espírito missionário, do acreditar em um ser superior, seja ele chamado de Deus, Pai, Senhor,El Shaddai,Jeová,Adonai, Allah etc... é a fé movida pelo amor a um ser supeior, que mesmo não podendo exergá-lo sentimos que fazemos parte dele e eel de nós.
O educador, atualmente deve considerar a pluralidade religiosa, existente em nossa sociedade, o ensino religioso deve ser área de conhecimento, mas sem perder a alma,pois mesmo o professor,mesmo sendo um profissional e não um doutrinador, deve deixar transparecer sua religiosidade através de suas atitudes, seus valores, sua forma de enfrentar os problemas, resolver conflitos e superar suas dificildades e até mesmo  ter uma palavra amiga, com um aluno, um colega ou até com a familia de aluno.
Não estou defendendo crença religiosa, denominação religiosa: católica, espírita , evangélica etc... Mas sim peço deixem fluir sua fé, pela vida,o respeito ao outro, pela natureza e pelo transcendente. Quando damos o exemplo de solidariedade, fé e amor ao próximo em nossas atitudes, nossos alunos assimilam, sentem, e tentam vivenciar esta experiência também, mais do que fazermos um discurso, explicando o que é solidariedade, fé etc...é dar o exemplo. Religião é vida. Religião é religar, religar com Deus, religar com o outro, religar com a natureza.
Adoro tanto este assunto... e acredito transparecer pelas minhas atitudes...já fui catequista....professora de ensino religioso ...e acreditem fui convidada a ser religiosa em uma congregação, fiquei lisonjeada com o convite, mas este desafio não pude aceitar, pois na época, já tinha minha opção vocacional bem definida.
Ainda voltarei a escrever mais sobre o Ensino Religioso nas escolas, assunto muito pertinente e que eu adoro!
Leia mais: http://www.mundodosfilosofos.com.br/vanderlei2.htm#ixzz1WNjfznHt

Beijão


sábado, 27 de agosto de 2011

Família

Meu avô paterno tinha "uns campos", então meus pais logo que casaram foram morar "pra fora". Nasci no distrito de Plano Alto, em casa.
Logo, vim para cidade, primeira neta dos meus avós maternos, virei centro das atenções.
Como nos primeiros meses de vida, o bebê necessita de consultas periódicas e cuidados que lá na estância, por ser longe dos recursos da cidade, não receberia, optaram por eu ficar morando na cidade com meus avós, minha mãe, voltou para o "Plano Alto" e logo em seguida engravidou da minha irmã, então definitivamente tornei-me filha caçula de meus avós. Tratada com extremo amor, mas com rigidez e limites.
Não vou negar que senti falta da minha mãe, do meu pai, depois dos meus irmãozinhos, traumas superados, percebo a importância da educação que recebi de meus avós, com certeza eles não pecaram por ser exigentes e rigorosos comigo, pecariam se me criassem cheia de mimos e sem limtes.
Hoje sou o que sou graças a contribuição e presença firme deles em minha vida.
A família é a base de tudo. Base para uma vida feliz ou o contrário. Isso não quer dizer, que o futuro de uma criança está garantido se ela faz parte de uma família convencional: mãe, pai,irmãos, etc... Existem famílias tradicionais que apenas para sustentar as convenções sociais, convivem juntas aparentemente bem, mas não são felizes e realizadas, por falta de sintonia,ou até mesmo falta de tempo, ou pior falta de amor, os filhos não recebem a atenção que necessitam ou recebem tudo que desejam materialmente, mas atenção e limites, são delegados a escola, as babás, professoras particulares e a terapeutas.
Estou aqui apenas fazendo uma reflexão, não estou criticando, muito menos condenando, pois sou humana, e ser humano de verdade, compreende o outro, sei que não é fácil estruturar uma família e também tenho certeza que cada família, cada pai e cada mãe, tem seus motivos, suas prioridades sua forma de ver e analisar a vida.
Os casais muitas vezes não querem dar novos rumos a suas vidas, pelo medo de prejudicar emocionalmente a vida dos filhos, então "o tradicional" é mais cômodo, mas a felicidade, o amor verdadeiro, a esperança de uma vida melhor, os sonhos, onde ficam?
Atualmente, as famílias apresentam perfis bem diferenciados: homens que são pais e mãe ao mesmo tempo, avós que criam os netos como filhos, mães batalhadoras que sustentam sozinhas a casa, trabalham 40 horas e ainda arrumam um tempinho para ajudar o filho na lição de casa e nunca deixam faltar amor e limites ao seu pequeno. E ainda exitem aquelas famílias formadas por duas famílias que se uniram, após casamentos anteriores.
Esta é a realidade que nós educadores nos deparamos. Para compreender nossos alunos, conhecer o contexto familiar é fundamental, o mundo está em plena transformação, mas os valores como amor, solidariedade, justiça, fé são imutáveis. Cabe a nós profissionais da educação,manter em nosso coração estes valores,sem moralismo preconceituoso, mas com a mente aberta ao novo, ao diferente e até mesmo ao estranho, só assim poderemos traçar uma parceria com esta nova geração de famílias que iremos receber em nossas escolas e consequentemente a criança que auxiliar na formação se sentirá acolhida, confiante, amada, segura e aberta a novas aprendizagens, novas descobertas e com certeza se tornarão adultos equilibrados e felizes.
E quem ajudará para que isso aconteça????
Nós!!! Os professores por VOCAÇÃO! Legal né????Mas sem esquecer da "PARCERIA COM A FAMILIA".

BEIJOS....ÓTIMO SÁBADO!!






quinta-feira, 25 de agosto de 2011

Minha primeira escola, meu segundo lar


Parece  chavão chamar a escola de "segundo lar", mas é como eu a considerava. Minha primeira escola, lá foi meu quintal, eu não apenas aprendi a ler e a escrever, aprendi a conviver com crianças da minha idade, lá eu podia correr, bagunçar na hora do recreio claro, mas quando a gente é pequeno tudo se torna imenso, até os recreios, que hoje são tão rapidinhos, naquela época, na minha mente infantil duravam o suficiente para estrapolar e me divertir muito, às vezes nem lanchar eu lanchava. Voltava com a merenda na sacolinha e a vó Iracema dizia:"Ela adora tanto as "aulas" que nem quer comer o lanche. Na verdade eu gostava das aulas, tinha extrema admiração pela minha professora Zilda, ela era fofinha, era uma gordinha bonita, simpática, cabelos pretos, tinha uma voz suave,mas de vez enquando eu  atirava fora do sério e, ela me repreendia:"IDAGLEIIIIII!!!" Fica aqui registrada minha homenagem a minha primeira professora, apesar de eu não ter sido um exemplo, como aluna, que os meus filhos não me ousam, pois eu aprontei nos primeiros anos escolares, mas hoje, como pedagoga, tenho uma explicação para tudo isso:
Imagina, uma menina com "alma de moleque", convivendo somente com adultos, impedida de brincadeiras na rua, ou do convivío mais frequente com os outros de sua idade, como iria se comportar longe dos olhares zelosos da família, num mundo cheio de crianças, recreios, merendas, pátio para correr, mil novidades, fica difícil de ser exemplo de concentração e disciplina,não é?
Portanto, cada vez que um aluninho meu é tipo uma "Ida de 7 anos", além de me indentificar, entro na dele, brinco junto, mas como???? Ensino brincando, sério!!!Por que para prender a atenção do aluno, tu necessitas ser uma pouco criança também, sentir o que eles sentem, conhecer sua realidade, suas expectativas, descobrir do que eles gostam de brincar, estar por dentro dos assuntos que eles gostam de conversar, desta forma o planejamento da professora tende a ser de acordo com o interesse da criança e, ela irá aprender com mais prazer. Tem dado certo comigo, apesar de algumas críticas, nem Cristo agradou todo mundo, algumas pessoas consideram minhas turmas agitadas, desorganizadas, "eles eram tão calminhos no ano anterior, quando se tornaram alunos da Ida, enloqueceram!".
Eu vejo de outra forma, eles não são indisciplinados, são felizes ativos, comunicativos, não são desorganizados, são criativos, inteligentes, crianças que nasceram no mundo globalizado, onde a informação é bombardeada a cada segundo nestas cabecinhas maravihosas, a mente deles é a mil,como vou prendê-los se não pelo lúdico, como vou conquistá-los , senão pelo afeto e a liberdade de expressão, não posso, não devo, não quero e não aceito condicionar uma criança de 6, 7, anos sentada uma tarde toda, somente copiando, nunca façam isso por favor, as atividades devem ser variadas constantemente, mas isso não quer dizer, que os momentos de concentração,não sejam necessários, que a volta a calma não seja fundamental, os limites, as regras são vitais, a diferença é que as regras não são impostas pela professora, são construídas coletivamente, a professora irá mediar com firmesa sem perder a "amorosidade"( termo muito usado por Paulo Freire em muitas de suas falas.)

Para concluir,sou uma professora atual, gosto de estudar,aliar minha prática, mas uma coisa eu nunca esqueci, que um dia eu fui criança também.

Beijão, espero que este depoimento ajude outras colegas, ajude pais e principalmente oriente as estudantes do curso normal, pois também eu fui uma um dia, e sei bem as inseguranças, os medos, as dúvidas, que nos consomem antes do bendito "Estágio Final do Curso", mas este assunto fica para outro dia, hoje já me estendi demais.Fui....

terça-feira, 23 de agosto de 2011

Minhas primeiras e marcantes recordações

Minha primeira, digamos, opção lúdica, foi a leitura.
Criada desde muito novinha pelos meus avós, distante dos irmãos e da criançada da vizinhança, por puro extinto de proteção e vigilância extrema de meus queridos cuidadores, minha amada Vó Iracema e meu saudoso Vô Osvaldo.
Hoje, adulta penso assim, mas ne sempre tive este pensamento, vai colocar na cabeça de uma criança que tudo isso era apenas zelo. Sofri, queria brincar como meus irmãos, livres no campinho perto de casa, sonhava correr na calçada, andar de bicicleta na rua, pular elático, jogar sapata (ou marelinha)como meus amiguinhos e amiguinhas da mesma idade.
Minha infâcia até então, era restrita, eu apenas olhava os outros brincando, pela janela, ou pela porta do "Armazém Santos Dumont", eu se chamava de "Bolicho do Vô", onde desde cedo eu o ajudei a tomar conta, e lá aprendi muitas coisas, continhas, dar trocos, atender o público com respeito e simpatia, como eu era instruída.
Então, mesmo, antes de aprender a ler, dentro do meu imenso quarto, que antes era um depósito de mercadorias do "bolicho", descobri um "tesouro", eu chamava de tesouro, porque era desde cedo muito sonhadora, gostava de criar amigos imaginários e criar situações fantasiosas, a fim de criar um mundinho meu.
Voltando ao achado...
Encontrei uma caixa de papelão, toda lacrada, minha curiosidade, mais que aguçada, fez com que eu secretamente, explorasse aquele objeto, minha imaginação de criança aflorou...O que teria lá dentro????Brinquedos? Só podia ser os brinquedos antigos da minha tia Neuza, que havia casado a pouco e tinha deixado algumas coisas delas guardadas por lá; eu sabia, que ela era muito organizada e caprichosa e sempre guardou seus brinquedinhos, que alegria!Agora seriam meus!
Realmente a caixa era dela, bem fechada, coberta para não pegar pó, mas a vontade de tirar aquele lacre era mais forte que eu, então impulsivamente, sem pensar nas consequências,nem no castigo por ser tão bisbilhoteira, abri....
O espanto foi grande quando, ali deparei-me com coleções e mais coleções de livros, ilustrações riquíssimas, faziam meus olhos brilhar, meu coração vibrar, senti que ali, dentro do meu quarto surgia uma verdadeiro parque de diversões, comecei a viajar no mundo das imagens, cada livro folhado uma nova história, não propriamente aquela que estava escrita originalmente, mas aquela criada pela mente de uma arteira, curiosa, sozinha e entediada menininha de seus 5 anos de idade.

Com esta pequena passagem da minha vida, posso resumir características minhas, que hoje adulta, destaco como positivas: continuo sendo a mesma meninha curiosa, impulsiva, corajosa, principalmente sonhadora e criativa.
Aprendi amar e respeitar os adultos que me rodeiam, me protegeram e do seu jeito me amaram e me amam até hoje, apesar de seu muitas vezes ser a
" guria arteira de sempre" e dar minhas "aprontadas".
Aprendi a valorizar o mundo infantil, defender direito do brincar, que toda criança merece e necessita.
E, principalmente hoje sou uma "criança grande", com vontade de vencer na vida, de alcançar meus sonhos, através do trabalho, do estudo, da dedicação e da alegria de ajudar a construir um mundo melhor, para minha família, meus alunos e porque não, ajudar a criança que existe dentro de cada pessoa aflorar e ver o mundo com olhos mais sensíveis, otimistas, cheios de esperança e fé em Deus. Na verdade é este o objetivo do meu blog, ajudar com minha experiencia de vida, outras pessoas, principalmente nda área da educação, por isso, peço perdão por algumas gafes, no português, escrevo rápido demais, meu tempo é curto, sou novata como "escritora" rsrsrs uauuu, mas minha intenções são as melhores possíveis.

Com carinho....

Ida